domingo, 31 de julho de 2011

BULLING Reportagens

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> Folha de Londrina, 16/04/2010 - Londrina PR
A missão é formar o cidadão
O pedagogo também estabelece e fiscaliza as leis de ensino A Pedagogia é a área que trabalha com princípios e métodos no ensino, na administração de escolas e na condução de assuntos educacionais. Ao contrário de outras áreas que perdem espaço ou são limitadas pela especialização, o âmbito de trabalho do pedagogo é amplo. Ele pode atuar em diferentes dimensões do ensino como administração, direção, orientação e supervisão em ambientes escolares, empresas, hospitais, dentre outros. A pedagoga Marta Regina Furlan, professora da graduação na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e coordenadora dos cursos de Pedagogia e de pós-graduação infantil e anos inicias do Centro Universitário Filadélfia (Unifil), afirma que existe uma ampla oferta de cursos de capacitação e de formação continuada em instituições de ensino da cidade. Mas a maior dificuldade nesse campo de trabalho, segundo ela, é a aceitação da pedagogia como uma área extremamente importante para a formação humana, isso, considerando tanto o campo da utilidade (mercado de trabalho) quanto o campo da emancipação, formação enquanto pessoa, sujeito, cidadão. O sucesso profissional, como qualquer outra área, exige formação, competências e habilidades necessárias, afirma a professora.

Juliana Garcia Mascarenhas atua como pedagoga há sete anos. Atualmente trabalha em duas escolas particulares, e afirma que Londrina tem muitos profissionais capacitados. ''Mas não vejo isso como excesso de profissionais, pois há muito campo de trabalho e estamos sempre precisando deles''.

A pedagoga Ana Carolina Frederico, especialista em psicopedagogia e educação especial inclusiva, destaca a disponibilidade de vagas que a cidade oferece. ''Sempre vejo nos editais a disponibilidade de vagas para estagiários ou pedagogos. Por estar em contato com muitos professores, verifico também que estes profissionais buscam constante capacitação em cursos de especialização ou cursos relacionados a áreas específicas em que atuam.'' Ela aponta que as habilidades dos profissionais podem variar de acordo com a função. ''Porém, em aspectos gerais, ressalto que é fundamental que o pedagogo seja comprometido com a educação e assuma sua prática educativa com afetividade, ética e comprometimento acadêmico''.

Atualmente, Ana Carolina Frederico trabalha como professora de 1º ano em uma escola municipal da cidade e como tutora do ensino à distância em uma universidade. ''Na minha família existe uma forte influência por profissões relacionadas à educação. Cresci em contato com professoras, coordenadoras e orientadoras que me estimularam a optar por este trabalho. Outro fator determinante foi minha afinidade com as crianças'', afirma. Juliana Garcia Mascarenhas aponta que, além da afinidade, características como afetividade, dinamismo e autoconfiança são necessárias para que o professor passe credibilidade aos alunos. ''Devemos ser coerentes, pois somos exemplos - os mais importantes depois dos pais - no meu ponto de vista''. O pedagogo pode atuar também em clínicas psicopedagógicas, na pesquisa e produção de materiais educativos, em secretarias e conselhos de educação, na seleção e treinamento de pessoal em empresas e em programas de terapia ocupacional. Em órgãos do governo, o trabalho desses profissionais consiste em estabelecer e fiscalizar a legislação de ensino, verificar se os currículos estão sendo cumpridos e se condizem com as leis educacionais.

Um gestor pedagógico, por sua vez, deve ter um vasto conhecimento da área na qual atua, para que suas ações sejam consistentes e contribuam para a construção de um processo ensino-aprendizagem de qualidade. ''O trabalho como pedagoga permite trabalhar a interação das crianças com a sociedade. Escolhi a profissão, pois acredito que a educação muda a vida das pessoas. Dá a elas autonomia, e as tornam capazes de mudar a realidade e a sociedade em que vivemos'', complementa Juliana Garcia Mascarenhas. O salário desses profissionais pode variar dependendo das funções e da instituição na qual trabalham. O piso salarial do professor não é padronizado e, de modo geral, a remuneração oferecida é de R$ 510 por 20 horas de trabalho. O valor máximo gira em torno de R$ 2 mil. > A Notícia, 16/04/2010 - Joinville SC
O problema que ninguém viu
Elizete Feliponi O pequeno opositor estava na sala de aula, mas ninguém viu. Seu comportamento agressivo e desafiador confundiu pais, professores e sociedade. Foi considerado “rebeldia de criança, fase que logo iria passar, ciúme de alguma coisa ou que suas necessidades não foram compreendidas”. Com tantas possibilidades, ficou difícil mesmo intervir de forma segura na formação de uma criança que pedia limites, mas lhe foram dadas opções demais.

O pequeno opositor cresceu, a falta de clareza sobre o que podia ou não fazer lhe confundia demais a cabeça. Então, ele saiu testando várias alternativas, até encontrar alguém ou alguma coisa que lhe parasse. Conheceu as drogas, a violência e os furtos. Mas a história não acabou bem para nenhuma das partes envolvidas, pois uma delas, ou todas, foram negligentes quanto à sua criança. Para tentar entender onde foi a falha, iniciou-se uma busca por possíveis motivos:

a) Muitas vezes, quando a família foi chamada na escola por causa de seu comportamento, os pais apoiaram o pequeno injustiçado e criticaram professores, acusando estes de perseguição;
b) A escola muitas vezes foi omissa, por medo de sofrer represálias ou por ter perdido a autonomia enquanto instituição que educa;
c) Tanto família quanto escola confundiram “liberdade de expressão com libertinagem” e “trabalho com valores com ensino tradicional”;
d) Na tentativa de estabelecer direitos e deveres para o ser em formação, os direitos foram reforçados e os deveres, esquecidos;
e) Em busca do ibope alto, rádio e televisão começaram a exibir, como se fosse um programa de auditório, denúncias e processos contra professores estressados e desrespeitados por alunos que apenas queriam extravasar ansiedade de adolescente.

Diversas situações apontavam como havia sido o processo educativo da criança, o qual muitas vezes foi falho, pois os adultos não souberam, não quiseram ou não puderam interferir na formação da personalidade sadia. Mas esta condição apenas começou a ser percebida quando os adolescentes se envolveram em furtos; quando assassinatos começaram a ser praticados por estes; quando vimos crianças na calçada usando drogas, ao lado de meninas grávidas; quando professores foram agredidos física e verbalmente. A televisão também nos mostrou importantes imagens: da mãe que arrancou os fios do telefone da escola para que a polícia não fosse chamada; da carteira escolar que foi usada para bater; a do professor morto como se estivesse num campo de batalha, com a bandeira em cima do caixão.

Isso não é ficção, é vida real. Alguns tentam ajudar com a teoria, dizendo que o atual sistema escolar é falido. Outros se apoderam da situação para ganhar votos. Alguns fazem de conta que o problema é com o vizinho. Outros mudam de escola, até que o filho goste do professor e o professor goste dele. Mas todos pedem socorro. O grito é ouvido por todos, mas poucos atendem. Para não ter complicações, evita-se estudar para ser professor, evita-se impor limites para não responder a processos. Mas uma professora, no meio dessa história toda, tateando possibilidades, resolveu fazer o aluno pintar o muro da escola, que tinha acabado de ser pintado por voluntários (pois o poder público tem coisas mais interessantes para fazer), muro no qual o aluno resolveu “expressar suas ideias”, e foi duramente processada, criticada, afastada, acusada e falida, pois ainda teve que gastar com advogado. Não sei como essa história terminou, fico imaginando se a professora já se recuperou do trauma. Acredito que o aluno e seus pais já tenham se refeito da situação incômoda à qual foram expostos. Imagina, “foi um risquinho de nada no muro...”

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